Um crime que chocou Frutal (MG) foi registrado na tarde de quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025. Pâmela Nunes Valadares, técnica de enfermagem de 28 anos, natural de Tocantins e mulher trans, desapareceu após não comparecer ao trabalho em um dos dois hospitais nos quais atuava. Pâmela trabalhava desde julho de 2024 (segundo suas redes sociais) no Hospital Frei Gabriel, que é administrado pela rede pública municipal.
Preocupadas, colegas de trabalho enviaram mensagens à vítima, que respondeu por texto, mas evitou enviar áudios — detalhe que levantou suspeitas. A polícia então foi acionada pelas amigas, e compareceu à casa da vítima, onde ela não foi encontrada.
Os agentes seguiram então para a casa do namorado de Pâmela. Ao ser abordado em sua residência, ele confessou o feminicídio, admitindo ter enforcado a vítima, jogado o corpo em uma fossa na zona rural, e que teria sido ajudado por um segundo suspeito no encobrimento do crime.
Na casa do principal suspeito, autoridades encontraram a moto elétrica de Pâmela, adquirida por ela a poucas semanas, e um carrinho de reciclagem usado para esconder o corpo. Uma poça de sangue, descoberta do lado de fora da residência da vítima, foi coletada para análise. O Corpo de Bombeiros resgatou os restos mortais da técnica de enfermagem durante a madrugada.
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Relatos das colegas à polícia revelaram que Pâmela já havia alertado: “Se eu sumir, a culpa é dele”. A vítima sofria com agressões anteriores do companheiro, segundo as testemunhas.
A Prefeitura de Frutal se manifestou publicamente sobre o caso através de uma nota:
“É com tristeza e consternação que o Hospital Frei Gabriel recebeu a notícia da trágica morte da nossa colaboradora Pâmela Valadares Nunes. Nesse momento de profunda dor, prestamos nossas sinceras condolências à família, aos amigos e aos companheiros de trabalho de Pâmela”.
Os dois suspeitos foram presos em flagrante e interrogados pela Polícia Civil.
O caso, que expõe a vulnerabilidade de mulheres trans à violência de gênero, reacende discussões sobre proteção a vítimas de relacionamentos abusivos na região. Pâmela, descrita por colegas como “dedicada e resiliente”, torna-se mais um símbolo da luta contra a invisibilidade de crimes motivados por transfobia e misoginia.