Em uma decisão judicial que expõe os bastidores de uma complexa rede criminosa, um contador de 31 anos foi preso preventivamente como parte da Operação Anthill na tarde desta quinta-feira, 30 de janeiro de 2025, no Shopping Center de Uberlândia, Minas Gerais. A prisão foi ordenada pela Justiça de Ituiutaba, que aponta o envolvimento do suspeito em crimes de lavagem de dinheiro, integração a organização criminosa e tentativa de obstrução de investigações.
De acordo com o processo judicial, ele teria atuado como peça-chave em um esquema que envolvia o tráfico interestadual de drogas e a lavagem de capitais e que movimentou aproximadamente R$ 150 milhões para o tráfico. O contador, que já havia sido identificado como suspeito em investigações anteriores, foi acusado de auxiliar na criação de uma empresa de fachada, a Express Transportes LTDA, utilizando dados de terceiros sem autorização. A empresa teria sido usada para movimentar valores provenientes do tráfico de drogas, ocultando a origem ilícita do dinheiro.
Além disso, o contador teria facilitado o uso de contas bancárias de terceiros, incluindo as de duas vítimas, para transferências de valores suspeitos. Os depoimentos das vítimas revelam que elas emprestaram suas contas ao contador com a promessa de obter crédito para financiamentos, mas, posteriormente, as contas foram repassadas a outro investigado sem o consentimento dos titulares.
A situação se agravou quando uma das testemunhas afirmou que o contador ofereceu R$ 25.000 para que ela não o mencionasse em futuros depoimentos. Essa tentativa de suborno foi interpretada pela Justiça como uma clara obstrução às investigações, reforçando a necessidade da prisão preventiva para garantir a ordem pública e a continuidade do processo criminal.
A decisão do juiz André Luiz Riginel da Silva Oliveira, da Vara Criminal de Ituiutaba, destacou a gravidade dos crimes e a necessidade de medidas cautelares rigorosas. “Os fatos foram praticados de forma reiterada e sistemática, envolvendo diferentes pessoas e métodos de ocultação”, afirmou o magistrado em sua decisão. A prisão preventiva foi decretada para evitar que o contador continuasse interferindo nas investigações e para proteger a sociedade de possíveis novos crimes.
A prisão foi cumprida pela Polícia Federal, que localizou o contador no Shopping Center de Uberlândia. Após ser informado sobre a ordem judicial, ele foi levado para exames de praxe e, em seguida, recolhido à sede da Polícia Federal na cidade. O mandado de prisão, que tem validade até 19 de novembro de 2044, foi emitido de forma sigilosa para evitar que o acusado fosse alertado antes da ação policial.
O caso chama a atenção não apenas pela complexidade do esquema criminoso, mas também pelo perfil do acusado. Como contador, o suspeito teria utilizado seu conhecimento profissional para facilitar operações ilícitas, demonstrando como o crime organizado se aproveita de profissionais qualificados para burlar a lei e ocultar suas atividades.
Agora, o acusado aguarda o andamento do processo judicial, enquanto as investigações continuam para desvendar toda a extensão da organização criminosa da qual ele fazia parte.