Autoridades e lideranças de Campina Verde e São Francisco de Sales (MG), reivindicaram nesta quinta-feira, 31 de outubro de 2024, a estadualização da estrada de terra de 54 km que liga os dois municípios. A reivindicação, prevista no Projeto de Lei (PL) 2.573/24, permitiria que o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) assumisse a administração da via e providenciasse seu asfaltamento. Contudo, o representante do DER-MG, Rodrigo Colares, ressaltou que o governo enfrenta dificuldades econômicas, o que inviabiliza investimentos em novos pavimentos.
Durante a audiência pública da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado Doutor Jean Freire (PT), autor do PL, reuniu prefeitos, vereadores, empresários e líderes comunitários em defesa do asfaltamento. Um vídeo produzido pelo Movimento O Povo Pede Asfalto detalhou as dificuldades enfrentadas pelos moradores: durante o período chuvoso, o barro deixa a estrada intransitável, enquanto na seca, a poeira compromete a visibilidade e dificulta o tráfego. A situação impacta especialmente o escoamento de produtos agrícolas da região, que depende da agricultura, com destaque para plantações de cana-de-açúcar, soja, milho e laranja.
O prefeito de Campina Verde, Helder Carneiro, destacou que a audiência simboliza o “plantio da semente de um sonho” que une diferentes ideologias em prol do asfalto. Ele lembrou do sucesso parcial na luta pelo asfaltamento de uma estrada próxima, entre Campina Verde e Itapagipe, que garantiu R$ 20 milhões para a obra. Contudo, para a estrada de Campina Verde a São Francisco de Sales, o montante arrecadado até agora é de apenas R$ 1,5 milhão, enquanto o DER-MG estima o custo total em R$ 170 milhões. Carneiro enfatizou que, com a chegada de novas empresas do setor agrícola, o asfaltamento é fundamental para o desenvolvimento econômico da região.
O agropecuarista Artur Monassi, coordenador do movimento local e CEO do Grupo Tracan, reforçou as dificuldades enfrentadas no período chuvoso para transportar fertilizantes e escoar a produção, além dos problemas causados pela poeira na seca. Vários vereadores também apelaram ao governo estadual pela estadualização, mencionando que a precariedade da via encarece o frete e prejudica o acesso a serviços essenciais, como saúde e educação.
Rodrigo Colares, do DER-MG, reconheceu a importância da demanda, mas enfatizou que a atual situação financeira do órgão limita investimentos. Ele revelou que a manutenção da malha viária estadual já custou R$ 1,1 bilhão em 2024 e que a prioridade é a recuperação funcional de estradas existentes. No entanto, Colares sugeriu que as prefeituras busquem parcerias com a iniciativa privada e recursos federais para viabilizar a obra, mencionando o benefício fiscal de 0,4% concedido às usinas sucroalcooleiras, que poderia ser usado no asfaltamento.
O deputado Doutor Jean Freire lamentou a ausência do diretor-geral do DER, Rodrigo Tavares, que teria mais poder de decisão, e reiterou a importância econômica e social do asfaltamento. O deputado Caporezzo (PL) criticou a preferência por outras obras, como a estrada Araxá-Rifaina, enquanto o deputado Ricardo Campos (PT) apelou pela união de esforços para concretizar o projeto. Todos reafirmaram seu compromisso em apoiar a luta por melhores condições na região.
As informações são da ALMG.