Durante a Cúpula de Líderes realizada no Rio de Janeiro, os países do Brics divulgaram neste domingo, 06 de junho, uma declaração conjunta defendendo o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) com base em código aberto e compartilhamento global de tecnologia e conhecimento. O documento é o primeiro de três previstos no encontro e busca estabelecer diretrizes comuns sobre o uso responsável da IA entre as nações do bloco.
A proposta central é garantir que o avanço tecnológico não fique restrito aos países mais ricos e que haja acesso equitativo às inovações, especialmente por parte das nações de baixa e média renda. O grupo ressaltou a importância da cooperação internacional para facilitar o acesso a tecnologias, componentes críticos e recursos financeiros para pesquisa.
Outro ponto abordado é a propriedade intelectual. Os países defendem equilíbrio entre os direitos autorais, a transparência e a responsabilidade pública, destacando a necessidade de regulamentações que respeitem as legislações nacionais e internacionais.
Governança global
O Brics também reiterou a importância de uma governança global da IA, liderada pelas Nações Unidas (ONU). O objetivo é mitigar riscos, estimular a inovação e permitir o intercâmbio de políticas públicas entre os países. O grupo avalia que um modelo multilateral é mais eficaz para promover inclusão, segurança e inovação.
Preocupações sociais e ambientais
A declaração reserva atenção especial aos impactos sociais e ambientais da IA, como o risco de desemprego estrutural e a precarização das relações de trabalho. Apesar de reconhecer o potencial da IA em impulsionar a produtividade e gerar novas oportunidades, os líderes alertam para ameaças à dignidade do trabalhador e para possíveis deslocamentos de empregos.
O documento também aponta riscos relacionados a viéses algorítmicos, que podem acentuar desigualdades e excluir minorias, pessoas com deficiência e grupos vulneráveis, como mulheres, crianças e idosos. O Brics defende a colaboração interdisciplinar e a criação de padrões que assegurem maior transparência e explicabilidade nos sistemas de IA.
Combate à desinformação
Outro desafio destacado é o uso da IA na produção de conteúdos falsos, como textos, imagens e vídeos hiper-realistas, que podem ser utilizados para manipular a opinião pública e comprometer a confiança nas instituições. Como resposta, os países propõem estratégias de alfabetização digital, educação midiática e desenvolvimento de ferramentas de combate à desinformação.
Ainda durante a Cúpula, o Brics deve divulgar outras duas declarações: uma sobre financiamento climático e outra relacionada à área da saúde pública.































































