A Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) desenvolveu o curso de Atualização Pós-Técnica em Enfermagem em Doenças Crônicas não Transmissíveis. A primeira turma deve concluir o primeiro módulo da formação em 15/12. Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) mostram que essas doenças foram, em 2020, a principal causa de mortalidade e a segunda razão de internações hospitalares no estado.
O objetivo da formação gratuita da ESP-MG é qualificar técnicas e técnicos de enfermagem para compreensão e atuação no cuidado às doenças crônicas não transmissíveis, considerando a assistência humanística e ética e a integralidade da saúde.
Formato
O curso tem carga horária de 180h e duração total de seis meses. As aulas são remotas e on-line, por meio de plataforma de videoconferência. Entre os conteúdos abordados estão as políticas públicas de saúde, o papel do técnico de enfermagem no SUS, o trabalho de enfermagem e outros temas relevantes para a formação profissional.
A primeira turma conta com 30 alunos de várias regiões do estado. A expectativa é que o estudante, ao concluir a formação, possa trabalhar em uma equipe multiprofissional e seja capaz de atuar em consonância com os princípios do SUS no atendimento a pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, compreendendo, contribuindo e aprimorando o processo de trabalho nos diversos níveis de atenção à saúde.
O curso é composto por três módulos: Integrador, Específico e Operativo. O primeiro aborda a organização do SUS e a gestão de atenção à saúde. O segundo contempla a promoção da saúde, a organização da rede de atenção à pessoa com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e o cuidado integral às DCNT. Já o último módulo é prático.
De acordo com o analista em Educação e Pesquisa em Saúde da ESP-MG, enfermeiro e coordenador técnico do curso, João André Tavares, a atualização é destinada aos técnicos de enfermagem e segue as diretrizes do Projeto de Formação e Melhoria da Qualidade de Rede de Saúde (QualiSUS-Rede) do Ministério da Saúde, tendo como referência as especializações técnicas de nível médio em enfermagem.
Demanda
João Tavares também ressalta que há uma demanda constante por qualificação dos profissionais técnicos de nível médio atuantes no SUS, com destaque para os trabalhadores da enfermagem, que representam mais de 70% da categoria.
Por outro lado, apesar da necessidade deste tipo de capacitação, a oferta ainda é reduzida para este público e, quando ocorre, nem sempre atende às necessidades dos estudantes, que, muitas vezes, têm uma elevada carga de trabalho. “Assim, sempre que possível é importante oferecer e incentivar a participação em qualificações profissionais”, enfatiza o coordenador.
Expectativas e aprendizados
O desejo de se preparar melhor e aprender cada dia mais foi o que motivou a técnica em enfermagem Marília de Mello Falcão, aluna do curso, a procurar a capacitação. Ela foi criada por uma tia, auxiliar de enfermagem, que atuou no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) por 34 anos. Moradora de Belo Horizonte, atualmente, ela trabalha no Centro de Saúde Marco Antônio de Menezes, na regional Leste da cidade.
“Não basta sermos somente aplicadores de técnicas na unidade. Venho percebendo a necessidade de me abrir a processos de aprendizagem, acompanhar as mudanças, criar consciência e repassar o aprendizado aos colegas e à comunidade atendida”, explica Marília Falcão.
Outra participante é a técnica de enfermagem Zenaide de Almeida Santana, moradora do município de São Romão, na região Norte de Minas. Ela já atuou na atenção primária e agora trabalha no hospital municipal da cidade.
Além de ser um assunto essencial para sua área de atuação, Zenaide se interessou pelo curso porque ela mesma faz parte do grupo de pessoas com doenças crônicas, já que é hipertensa. “Espero ter acesso a mais conhecimentos e tenho certeza que essa capacitação irá contribuir bastante para minha atuação profissional”, finaliza.