Nesta quinta-feira (8/4), que é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) destaca pesquisas desenvolvidas na instituição que contribuem para o enfrentamento à doença. De forma geral, os estudos utilizam a biotecnologia para desenvolver soluções em Saúde Pública.
Uma dessas pesquisas pode contribuir para reduzir o volume, avaliar a chance de recorrência e até sinalizar qual o tratamento quimioterápico mais adequado em alguns casos de câncer de ovário. A outra pesquisa estuda casos de cânceres oculares e trabalha na avaliação de possíveis tratamentos.
Câncer de ovário
O primeiro estudo é realizado pela equipe da pesquisadora do Serviço de Biologia Celular da Funed, Luciana Maria Silva. Os ensaios permitiram o desenvolvimento de tecnologias que fazem parte de um painel genético para análise prognóstica de mulheres com câncer de ovário.
“A análise prognóstica, que é uma avaliação baseada no diagnóstico, no resultado ou na indicação de uma possível doença, permitirá, por meio do exame que desenvolvemos, informar ao médico a chance de determinada paciente responder ou não ao tratamento quimioterápico e as chances do tumor voltar”, explica Luciana.
A pesquisadora conta que o que a motivou a desenvolver as tecnologias foi o fato de o câncer de ovário ser o mais letal dos tumores ginecológicos, apresentando os maiores índices de recorrência e morte. O estudo inova justamente pelo fato de não existir, hoje, no mercado, tecnologia similar para avaliação prognóstica das pacientes com câncer de ovário.
“Atualmente, sabemos que a sensibilidade e a especificidade de um dos biomarcadores utilizados para detectar a doença é ruim, pois apresenta baixa sensibilidade nos tumores de ovário no estágio I (50%), atingindo 75 a 90% em pacientes com doença avançada. Somamos a isso os resultados falso-positivos, que são observados em muitos distúrbios clínicos malignos e benignos. A necessidade de um biomarcador mais efetivo para monitoramento da doença é latente na prática clínica em ginecologia oncológica. Pensando nisso é que desenvolvemos nossos estudos”, frisa.
A tecnologia já passou por todas as fases de desenvolvimento de produto, tendo atingido o nível máximo, e hoje está em fase operacional já disponível. “As próximas etapas para fazermos o exame chegar aos pacientes incluem conseguirmos investimentos para subsidiar a aplicação do teste, nomeado OvarianTag®, na população”, pontua.
Câncer ocular infantil
O segundo estudo desenvolvido na Funed é coordenado pela equipe da pesquisadora e diretora de Pesquisa e Desenvolvimento, Sílvia Fialho. Ele está relacionado a casos de retinoblastoma, um câncer que surge na retina imatura em crianças de 0 a 14 anos, e também a casos de melanoma ocular, câncer que atinge células produtoras de melanina, pigmento responsável pela coloração da pele e dos olhos.
Os estudos estão sendo desenvolvidos em parceria com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e da Universidade Americana Johns Hopkins.
Embora seja pouco frequente, o retinoblastoma é considerado um tumor muito agressivo, tem alto índice de reincidência, pode levar à perda da visão e até à morte. “Os tratamentos disponíveis hoje, além de dolorosos, ainda não têm uma resposta terapêutica satisfatória. Por isso, nossa equipe está trabalhando com uma metodologia que permite cultivar as células desse tumor em membrana de ovo, o que tem nos ajudado a buscar respostas sobre a possibilidade de reincidência e para possíveis tratamentos”, explica Sílvia.
As pesquisas sobre o melanoma ocular também têm sido alvo da atenção dos pesquisadores da Funed, uma vez que esse é um câncer com alta prevalência, podendo acometer tanto crianças quanto adultos, mais comum em indivíduos de pele e olhos claros e com idade mais avançada.
“Como a relação entre a radiação ultravioleta e o melanoma ocular não está comprovada, precisamos atuar no diagnóstico precoce e em alternativas para o tratamento. Dois trabalhos de mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Funed estão relacionados à busca de terapias mais assertivas para os tumores oculares, em específico o retinoblastoma e o melanoma”, detalha.