O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) acionou a Polícia Civil neste fim de semana para investigar um caso de racismo que ganhou repercussão nas redes sociais. Um vídeo, publicado por um funcionário de um bar em Belo Horizonte, gerou indignação e chamou a atenção das autoridades.
Na gravação, o homem identificado como Alessandro Pereira de Oliveira, de 36 anos, faz declarações alarmantes, afirmando que “preto tem que entrar no chicote” e “tem que tomar água do vaso”. Ele também critica a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil em 1888, evidenciando um discurso de ódio e discriminação.
O vídeo, que foi postado nas redes sociais na última sexta-feira, 18 de outubro de 2024, rapidamente se espalhou, gerando uma onda de repúdio entre os usuários da internet e ativistas pelos direitos humanos. A gravidade das declarações levou o MPMG a tomar medidas imediatas para apurar o ocorrido e responsabilizar o autor.
As investigações da Polícia Civil devem avaliar o conteúdo do vídeo e as circunstâncias em que foi gravado, além de buscar testemunhas e eventuais vítimas da fala discriminatória. O caso destaca a importância de ações firmes contra o racismo e a necessidade de um debate contínuo sobre discriminação e igualdade racial no Brasil.
“Essa notícia desse crime grave, em tese praticado por esse homem, chegou ao nosso conhecimento através de movimentos sociais. Embora eu não estivesse de plantão, eu instaurei procedimento de notícia de fato na coordenadoria e já pedi providência à Decrin (Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência) e à promotoria de Justiça de Direitos Humanos”, afirmou Allender Barreto Lima, promotor de Justiça e coordenador de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (CCRAD) do MPMG.
Ficha Criminal
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Alessandro Pereira de Oliveira é natural de Governador Valadares (MG) e já passou pelo sistema prisional quatro vezes. Agora ele é considerado foragido com uma extensa ficha criminal totalizando 66 passagens policiais como autor. Ele é o foco das autoridades após não retornar de uma saída temporária concedida pela Justiça.
Entre suas diversas infrações, estão ocorrências de ameaça, violação de domicílio, agressão, estelionato e difamação. Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), ele não deu entrada no sistema prisional desde a repercussão de um vídeo que viralizou nas redes sociais, no qual fez declarações racistas.
Alessandro foi preso em diferentes ocasiões: entre julho e agosto de 2017, de janeiro de 2018 até 2019, e por um breve período em setembro de 2022. Sua última prisão começou em 22 de setembro de 2022 e se estendeu até março deste ano.
No dia 26 de março, ele recebeu um benefício de saída temporária, mas não retornou no prazo estipulado, o que levou as autoridades a registrarem sua ausência como fuga por abuso de confiança.
Atualmente, há um mandado de prisão em aberto contra Alessandro. A PCMG intensificou as buscas para localizá-lo. A reportagem do Canal Janela Aberta segue apurando para trazer atualizações sobre o desdobramento do caso.