Israel e o grupo Hamas anunciaram, nesta quarta-feira, 8 de outubro, que chegaram a um acordo de paz para encerrar o conflito na Faixa de Gaza, após quase dois anos de confrontos intensos. O anúncio foi feito de forma simultânea pelos dois lados e confirmado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsável pela mediação, ao lado de Egito, Catar e Turquia.
De acordo com o plano apresentado pela Casa Branca no fim de setembro, a primeira fase do tratado prevê a libertação de todos os reféns israelenses mantidos pelo Hamas desde 7 de outubro de 2023, em troca da soltura de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos por parte de Israel. Além disso, tropas israelenses devem recuar de parte das posições ocupadas em Gaza, e o território passará a receber mais caminhões de ajuda humanitária, com entrega de alimentos, água e medicamentos.
Segundo o governo de Israel, o Hamas ainda mantém 48 reféns dos 251 sequestrados durante o ataque terrorista de 2023. As autoridades israelenses estimam que apenas 20 estejam vivos. Conforme o acordo, o grupo terá 72 horas para libertar todos os reféns, vivos ou mortos, e a previsão é que as liberações ocorram até a segunda-feira, 13 de outubro.
Em contrapartida, Israel deve libertar os prisioneiros palestinos, incluindo detentos condenados à prisão perpétua. O fim dos bombardeios na Faixa de Gaza também está previsto no tratado, com as Forças de Defesa de Israel (FDI) recuando para linhas previamente acordadas com o Hamas.
Cessar-fogo e próximos passos
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o acordo representa “um grande dia para Israel” e destacou a vitória moral e diplomática do Estado. O texto do tratado deve ser votado formalmente pelo governo israelense nesta quinta-feira, 9 de outubro, em um procedimento semelhante aos dois cessar-fogos anteriores, realizados em novembro de 2023 e janeiro de 2025.
“Agradeço aos valentes soldados das Forças de Defesa de Israel e a todas as forças de segurança. Com a ajuda de Deus, continuaremos a expandir a paz com nossos vizinhos”, declarou Netanyahu em uma rede social.
Já o Hamas elogiou a atuação dos países mediadores e agradeceu os esforços de Trump. Em nota, o grupo afirmou que o acordo representa “um passo importante rumo à liberdade e autodeterminação do povo palestino”, e pediu que os países garantam a implementação integral dos termos estabelecidos.
Segundo informações da AFP, a assinatura oficial do acordo está prevista para ocorrer às 6h desta quinta-feira (horário de Brasília). Donald Trump confirmou que viajará a Israel nos próximos dias e que poderá visitar a Faixa de Gaza.
O que prevê o plano de paz
O plano apresentado pelos Estados Unidos contém 20 pontos principais, que definem a Faixa de Gaza como uma zona livre de grupos armados. Membros do Hamas poderão receber anistia, desde que entreguem suas armas e se comprometam com a convivência pacífica.
O texto também propõe a criação de um governo de transição em Gaza, formado por um comitê palestino tecnocrático e apolítico, responsável por administrar serviços públicos e coordenar o processo de reconstrução do território. Esse comitê atuará sob supervisão do “Conselho da Paz”, liderado por Trump e composto por representantes internacionais.
Em relação à segurança, o plano prevê a desmilitarização completa de Gaza, com destruição de infraestrutura bélica e proibição de novas instalações. A segurança será assumida por uma Força Internacional de Estabilização (ISF), encarregada de treinar uma nova polícia palestina e garantir o cumprimento do cessar-fogo.
As tropas israelenses deixarão Gaza gradualmente, repassando o controle do território à ISF. Haverá ainda um perímetro de segurança externo, onde militares israelenses permanecerão até a eliminação de possíveis ameaças terroristas.
Entenda o conflito
A guerra entre Israel e o Hamas teve início em 7 de outubro de 2023, após um ataque terrorista coordenado pelo grupo islâmico, que resultou na morte de mais de 1.200 israelenses e no sequestro de 251 pessoas. Desde então, segundo dados de autoridades palestinas ligadas ao Hamas, mais de 60 mil palestinos morreram em decorrência dos bombardeios e combates na Faixa de Gaza.
Com o novo acordo, as expectativas internacionais são de que a região inicie um processo de reconstrução e estabilidade, ainda que os termos mais sensíveis — como o futuro político de Gaza e a entrega das armas do Hamas — sigam indefinidos.































































