O Ministério da Educação anulou três questões do Enem 2025 após a repercussão de uma transmissão ao vivo em que um universitário discutiu exercícios considerados semelhantes aos que apareceram na prova aplicada no último domingo. A decisão, anunciada na terça-feira, 18 de novembro, veio acompanhada do acionamento da Polícia Federal para investigar possível quebra de sigilo.
De acordo com o MEC, há indícios de que itens utilizados em pré-testes sigilosos do Inep — fase essencial para calibrar futuras perguntas do exame — foram reproduzidos em um curso on-line ministrado pelo estudante. Embora o órgão ressalte que nenhuma questão tenha sido repetida de maneira idêntica, técnicos identificaram semelhanças suficientes para anular três itens e instaurar uma apuração formal.
A medida partiu da comissão responsável pela elaboração do Enem, que classificou o episódio como grave e incompatível com os protocolos de segurança adotados. O Inep reforçou que o exame segue metodologia baseada na Teoria de Resposta ao Item e depende de um banco de questões protegido, cujo acesso é restrito e monitorado.
A controvérsia começou após o estudante Edcley de Souza transmitir uma live de seis horas, no dia 11 de novembro, em seu canal no YouTube. Em determinado trecho, ele analisou uma questão de Biologia sobre espécies adaptadas a ambientes específicos — tema que também apareceu no exame oficial. Segundo relatos de candidatos e professores, quatro das cinco alternativas da prova coincidiam com as discutidas durante a transmissão.
A coincidência viralizou nas redes sociais e levantou suspeitas de que o universitário poderia ter tido acesso antecipado a material sigiloso. Prints e comentários passaram a circular, sugerindo que questões do banco do Inep teriam sido usadas indevidamente no curso preparatório.
Edcley de Souza rejeita todas as acusações. O universitário afirma que não utilizou itens sigilosos e que o método empregado em seus materiais, chamado engenharia reversa, consiste em desenvolver explicações teóricas a partir de exercícios comuns em cursinhos. Para ele, essa prática justificaria eventuais proximidades temáticas.
Ele também criticou professores que apontaram fraude, alegando que a metodologia é usada em graduações como Medicina e que seu trabalho teria como objetivo “democratizar a educação”, e não comprometer o exame.
Apesar das explicações, o MEC considera que a semelhança ultrapassa o que seria aceitável e ameaça a credibilidade do Enem. Por isso, comunicou a Polícia Federal, que deverá investigar se houve vazamento, uso indevido de informações reservadas ou participação de terceiros.
A análise de dispositivos e registros ligados ao caso deve indicar se os pré-testes do Inep foram acessados de maneira irregular. O instituto afirmou que “o episódio será totalmente esclarecido” e reforçou o compromisso com a integridade do exame, peça central do acesso ao ensino superior no país.































































