O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) abriu uma investigação para apurar uma denúncia formal de injúria racial envolvendo o vice-prefeito de Uberlândia, Vanderlei Pelizer. O caso teria ocorrido em 16 de novembro, durante uma atividade educacional no Centro Administrativo Virgílio Galassi, que integrava uma exposição da rede municipal voltada à identidade racial.
A apuração foi instaurada no início da semana pelo promotor Moisés Batista Abdala, coordenador das Promotorias Criminais, e agora segue para análise de uma promotoria especializada, que avaliará quais medidas serão adotadas.
A denúncia enviada à Ouvidoria do Ministério Público afirma que Pelizer teria reagido de forma agressiva ao conteúdo da atividade educacional, chamando o trabalho de “lavagem cerebral” e dizendo que iniciativas daquele tipo seriam algo que “a direita precisa enfrentar na Prefeitura”.
O relato acusa ainda o vice-prefeito de hostilizar profissionais da educação e de encerrar uma discussão com uma servidora dizendo: “O que você acha não me interessa.”
Segundo o denunciante, que se identifica como eleitor de direita, a atitude de Pelizer não representa seu campo ideológico: “Direita não humilha criança negra.”
O pedido solicita investigação com base na Lei 7.716/89, que trata de crimes resultantes de preconceito racial, e manifesta apoio à eventual perda do mandato.
O caso reacende a crise política em torno do vice-prefeito. Esta é a segunda tentativa de cassação enfrentada por Pelizer em um intervalo inferior a seis meses. Em junho, vereadores já haviam pedido a perda do mandato após sua participação em uma missão oficial a Israel, durante um período de escalada do conflito entre Irã e Israel.
Naquela ocasião, o plenário da Câmara votou pelo arquivamento da denúncia, por 16 votos a 3.
Agora, com a investigação por suposta injúria racial em andamento, o vice-prefeito volta ao centro das pressões políticas, enquanto parlamentares avaliam possíveis desdobramentos no Legislativo.
Vanderlei Pelizer negou ter cometido injúria racial e afirmou que “não houve, em nenhuma de minhas palavras ou em minha fiscalização, qualquer forma de manifestação de cunho racial”.
O vice-prefeito disse tratar-se de uma tentativa de setores da esquerda de transformar o Judiciário em instrumento de perseguição política, criticando o que chamou de “ativismo judicial seletivo”.
Pelizer também reiterou sua defesa dos colégios cívico-militares e voltou a atacar o que considera “doutrinação ideológica” nas escolas públicas.
“Seguirei colaborando com as autoridades, firme, com a consciência tranquila e o compromisso intocável com Uberlândia, com a educação de verdade e com a defesa da democracia”, afirmou na nota.
Leia a seguir a nota do vice-prefeito de Uberlândia, Vanderlei Pelizer, na íntegra:
Não houve, em nenhuma de minhas palavras ou em minha fiscalização, qualquer forma de manifestação de cunho racial, e reafirmo meu absoluto repúdio a qualquer tipo de discriminação.
O que se observa, com clareza, é mais uma tentativa de setores da militância ideológica da esquerda de utilizarem a via judicial como instrumento de perseguição política, em um fenômeno conhecido como ativismo judicial seletivo, prática já vista em regimes modernos de viés autoritário, nos quais o Judiciário passa a ser utilizado como ferramenta para silenciar opositores.
Carrego com orgulho os ensinamentos das professoras e professores que contribuíram para minha formação. Sou apaixonado pela educação e pela nobre missão de ensinar — missão esta que sempre defendi com firmeza. Não por acaso, sou um apoiador convicto dos colégios cívico-militares, onde o professor é respeitado, valorizado e protegido, tendo ao seu lado a segurança necessária contra alunos que, infelizmente, já não respeitam mais a autoridade do educador.
Todavia, como vice-prefeito, reafirmo: sou totalmente contra aqueles que, em vez de ensinar, tentam doutrinar crianças com pautas comunistas, ideologias de esquerda ou agendas político-partidárias. Professor tem que ensinar sua matéria, preparar o aluno para a vida, formar cidadãos, e não transformar a sala de aula em palanque ideológico e político. E é isso que minha fiscalização combate.
É contra esse tipo de atuação, que desvirtua a essência da educação, que tenho me levantado — sempre de forma clara, aberta e dentro do direito constitucional de crítica e opinião. Isso se chama democracia.
Por isso, a utilização do Poder Judiciário, assim como pedidos de cassação movidos contra minha pessoa por políticos de esquerda, ou a mando desses, apenas confirma aquilo que a população já percebe: há um grupo que não aceita o livre debate, não suporta opinião divergente e tenta silenciar quem pensa diferente. Para eles, quem discorda deve ser eliminado do debate público — uma postura que afronta diretamente o maior princípio democrático: a liberdade de expressão e o confronto saudável de ideias.
Reforço que seguirei firme, com a consciência tranquila e o compromisso intocável com Uberlândia, com a educação de verdade e com a defesa da democracia — aquela que existe para todos, não apenas para quem pensa igual.
Também estarei totalmente à disposição das autoridades para esclarecer minha atuação e fiscalização enquanto vice-prefeito, atuação essa pautada pelos princípios da ética, do zelo e do senso de obrigação enquanto vice-prefeito eleito democraticamente.
A investigação segue em andamento e novos desdobramentos devem ocorrer nas próximas semanas.































































