A invasão ocorrida no sábado (5/02), da Igreja do Rosário, liderada pelo vereador Renato Freitas (PT) e com a participação de diversos manifestantes, motivou a Arquidiocese de Curitiba (PR) a emitir nesta segunda-feira (07/02) nota de contra o ato criminoso, que chegou a interromper a realização da missa. De acordo com a imprensa paranaense, o ato teve como motivação, protesto a luta contra o racismo estrutural e as mortes de Moise Mugenyi e Durval Teófilo, recentemente no Rio de Janeiro.

De acordo com a nota assinada pelo Arcebispo Metropolitano de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo, a atitude dos manifestantes, o comportamento foi invasivo e desrespeitoso. “infelizmente o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas. Fácil de ver quem as estimulou”, disse a autoridade religiosa. O artigo 208 do Código Penal, classifica como crime, impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso. Pena: detenção, de um mês a um ano, ou multa. (fotografia: 247).

Nota da Arquidiocese de Curitiba

No dia 05 de fevereiro de 2022, em torno das 17.00hs, um grupo apresentou-se junto à porta da Igreja do Rosário, para protestar contra a violência havida no estado do Rio de Janeiro, cujo desdobramento final foi a morte de um cidadão congolês e, em outro caso, a morte de um brasileiro afrodescendente. Era no mesmo horário da celebração da Missa. Solicitados a não tumultuar o momento litúrgico, lideranças do grupo instaram a comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos.

É verdade que a questão racial no Brasil ainda requer muita reflexão e análises honestas, que promovam políticas públicas com vistas a contemplar a igualdade dos direitos de todos. Mas não é menos verdadeiro que a justiça e a paz nunca serão alcançados com destemperos ou impulsividades desequilibradas.

Desde a sua primeira inauguração, em 1737, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos sempre foi um lugar de veneração e de celebração da fé. Foram os escravos a edificá-la. Hoje, muitos afrodescendentes, a visitam. E o fazem em grupos ou individualmente. Sempre primaram pelo profundo respeito, até mesmo quando não católicos.

Infelizmente, o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas. É fácil ver quem as estimulou.

A posição da Arquidiocese de Curitiba é de repúdio ante a profanação injuriosa. Também a Lei e a livre cidadania foram agredidas. Por outro lado, não se quer “politizar”, “partidarizar” ou exacerbar as reações. Os confrontos não são pacificadores. O que se quer agora é salvaguardar a dignidade da maravilhosa, e também dolorosa, história daquele Templo.

Curitiba, 07 de fevereiro de 2022.

Dom José Antonio Peruzzo – Arcebispo

 

 

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