Na manhã desta terça-feira, 15 de outubro, faleceu aos 93 anos o ex-prefeito de Ituiutaba e ex-deputado estadual e federal Samir Tannús. Ele estava internado há 15 dias após sofrer uma queda em sua casa, que resultou na fratura de um dedo. A lesão levou a uma infecção, que foi agravada por sua idade avançada e comorbidades preexistentes. Nos últimos dois dias, Tannús foi transferido para Uberlândia, onde precisou ser entubado, mas, apesar dos esforços médicos, não conseguiu se recuperar.
Samir Tannús nasceu em 30 de dezembro de 1930, na cidade de Prata, Minas Gerais, filho de Simão Felício Tannús e Ruda Adib Tannús, ambos de origem libanesa. Cresceu em Prata e Barretos, onde fez parte de seus estudos antes de se mudar para Ituiutaba em 1951. Inicialmente trabalhando em uma farmácia e no setor de transportes, logo se envolveu na vida pública, atraído pela política de interesse comum.
Sua carreira política teve início em 1959, quando foi eleito vice-prefeito de Ituiutaba. Em 1966, venceu a eleição para prefeito, tomando posse no início de 1967. Durante seu mandato de quatro anos, Samir Tannús promoveu transformações significativas no município. Entre suas principais realizações estão a desapropriação da empresa energética ELFISA e sua integração ao sistema da CEMIG, o que proporcionou melhorias substanciais no fornecimento de energia elétrica. Também foi responsável pela instalação de faculdades em Ituiutaba, uma das suas iniciativas mais notáveis, tornando a cidade um polo de educação na região.
Tannús foi visionário ao implantar o primeiro computador eletrônico em uma prefeitura mineira, além de promover a construção de 48 escolas em Ituiutaba, ampliando o acesso à educação e valorizando os professores, cujos salários ele aumentou substancialmente. Sob sua gestão, a cidade também passou a contar com um Plano Diretor, que organizou o crescimento urbano e modernizou sua infraestrutura, com a pavimentação das primeiras vias asfaltadas do município e a criação da autarquia Superintendência de Água e Esgoto (SAE).
Construiu em Ituiutaba os distritos industriais Antônio Baduy (DIAB) e Manoel Afonso Cancella (DIMAC), além do primeiro conjunto habitacional do Triângulo Mineiro, o bairro Ipiranga.
Após sua bem-sucedida gestão como prefeito, Samir Tannús foi eleito deputado estadual por três mandatos, sendo membro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais entre 1971 e 1991. Durante esse período, ele presidiu a Comissão de Agropecuária e se destacou na defesa dos pequenos produtores e do desenvolvimento rural. Em 1990, foi eleito deputado federal, exercendo seu mandato em Brasília durante um período de transição política, marcado pelos governos de Fernando Collor e Itamar Franco. Na Câmara dos Deputados, Tannús participou das comissões de Ciência e Tecnologia e de Educação.
Sua atuação também se estendeu ao governo estadual, onde ocupou o cargo de secretário de Estado do Trabalho e Ação Social de Minas Gerais. Nesse posto, ele promoveu uma série de ações em prol das áreas mais vulneráveis do estado, com programas como o Plano de Apoio ao Pequeno Produtor (PAPP), que forneceu recursos para a agricultura familiar no norte de Minas Gerais, e o Serviço Educacional para internos da FEBEM, que oferecia educação e trabalho para jovens em reclusão.
Além de sua trajetória política, Tannús foi um defensor incansável do desenvolvimento cultural e social de Ituiutaba. Durante seu mandato como prefeito, ele foi responsável pela criação da primeira Feira Industrial Agropecuária e Comercial de Ituiutaba e pela construção da Biblioteca Municipal Senador Camilo Chaves. A criação da Banda Mirim de Ituiutaba e a valorização do teatro local também estão entre seus legados culturais. Foi também o responsável pelo fornecimento da verba para início da construção do Ginásio Poliesportivo Municipal Romão.
Samir Tannús foi homenageado ao longo de sua vida com diversos títulos de cidadão honorário em mais de 30 cidades mineiras, além de condecorações como a Medalha Santos Dumont e a Medalha da Inconfidência. Sua presença era marcante na política mineira, onde sempre foi visto como um líder pragmático, com grande habilidade de articulação e foco na execução de projetos.
Samir dizia que “povo educado é povo sadio, povo sem educação é povo doente”.
Casado com Maria Luiza Faissol Tannús, Samir Tannús deixa dois filhos, Marco Túlio Faissol Tannús e Ruda Maria Faissol Tannús, além de netos e uma longa lista de amigos e admiradores.
Sua morte marca o fim de uma trajetória de décadas dedicadas ao serviço público, sempre com o objetivo de melhorar a vida das pessoas de sua cidade e do estado de Minas Gerais.