Produtores brasileiros estão preocupados com a nova tarifa anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele declarou que as exportações brasileiras serão sobretaxadas em 50%, o que pode afetar seriamente dois dos setores mais importantes do agro nacional: o suco de laranja e a carne bovina.
O Brasil é o maior produtor e exportador de suco de laranja do mundo, e 95% do que é produzido aqui vai para o exterior. Desse total, 42% tem como destino os Estados Unidos. Com a nova tarifa, o custo de exportar para o mercado norte-americano subiria drasticamente, dificultando a venda e tornando o produto brasileiro menos competitivo.
Segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), essa nova alíquota eleva os tributos em mais de 500%, o que ele classifica como uma condição “insustentável”. Na prática, isso pode levar à suspensão de colheitas, paralisação de fábricas e até demissões em massa.
Só na safra 2024/25, encerrada em 30 de junho, os EUA foram responsáveis por 41,7% das vendas externas brasileiras de suco de laranja, gerando mais de US$ 1,3 bilhão em faturamento. O aumento da taxa elevaria os custos para quase 72% do valor do produto, segundo estimativas da CitrusBR.
Além do impacto nas frutas, a carne bovina também será afetada. Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da proteína brasileira. Com a nova tarifa, o custo por tonelada pode chegar a US$ 8.600, o que tornaria as exportações inviáveis diante da concorrência internacional.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) reagiu com preocupação. Em nota, o grupo destacou que a sobretaxa “altera o equilíbrio das relações comerciais” e pode causar impacto direto no câmbio, aumentar o custo de insumos e reduzir a competitividade do agro brasileiro.
A FPA defende uma resposta diplomática firme do governo brasileiro, ressaltando a importância de manter o diálogo com os Estados Unidos e evitar o isolamento do Brasil nas negociações internacionais.
