Das 80 mercadorias que o Distrito Federal exporta para os Estados Unidos, apenas uma escapou do tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump. O combustível para aviação, que representa 9,4% das exportações do DF para o país, está entre os 694 itens isentos da sobretaxa de 40%. Os dados são da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra).
A medida foi oficializada por meio de ordem executiva assinada por Trump na última quarta-feira, 30 de Julho. Com isso, produtos brasileiros destinados ao mercado americano passam a ser taxados em até 50% — resultado da soma de uma alíquota de 10% anunciada em abril com mais 40% divulgados neste mês. A previsão é de que as novas taxas comecem a valer a partir de 6 de agosto.
No caso do Distrito Federal, 79 produtos entrarão na tarifa cheia, o que representa US$ 7,09 milhões em exportações — ou 90,6% do valor total comercializado com os EUA. Estão na lista: óleos e gorduras vegetais e animais, massas para padaria e pastelaria, produtos da indústria de biscoitos, roupas, entre outros.
Segundo a Fibra, há ainda outros 12 produtos que podem ser isentos da sobretaxa se forem utilizados em aviação civil.
“Não é uma exportação muito robusta, mas é importante para as empresas que há anos mantêm negócios com os Estados Unidos”, afirmou o presidente da Fibra, Jamal Jorge Bittar.
O dirigente destacou ainda que o DF não tem uma dependência elevada do mercado americano, o que ajuda a mitigar os impactos. “Dentro do caos, temos uma sorte de a exportação do DF não ser concentrada nos EUA. Exportamos muito para o Oriente Médio e outros países”, explicou.
Governo busca alternativas
Diante da nova política tarifária americana, a Fibra informou que já iniciou conversas com empresários chineses interessados em investir no mercado do Distrito Federal. A ideia é diversificar os destinos das exportações locais.
Bittar também ressaltou a importância de negociações bilaterais, além de medidas econômicas internas, como prorrogação de impostos e linhas de crédito com juros reduzidos pelo BNDES, para amenizar os efeitos do tarifaço.
“Contamos com o ambiente de negociação entre os fornecedores brasileiros e os consumidores americanos para que parte desses custos seja absorvida no preço final”, acrescentou.
Contexto político
A ordem executiva de Trump, baseada na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977, estabelece uma nova emergência nacional relacionada ao Brasil. No documento, o governo dos Estados Unidos acusa o Executivo brasileiro de violar liberdades civis, perseguir opositores e enfraquecer o Estado de Direito, mencionando o ex-presidente Jair Bolsonaro como alvo de perseguição política.
A decisão foi classificada pela Casa Branca como uma medida de proteção à segurança nacional, à política externa e à economia norte-americana.
Apesar disso, produtos estratégicos foram mantidos fora do tarifaço, como aeronaves civis, petróleo, minério de ferro, aço, castanhas e suco de laranja — setores com forte presença brasileira no mercado externo.































































