A disparada nos preços do arroz em 2020, primeiro ano da pandemia da Covid-19, estimulou os produtores rurais do município de Campina Verde, no Triângulo Mineiro, a retomar os investimentos numa cultura que já foi muito tradicional por lá, até a década de 1970. Agora, mais de 50 anos depois, e ainda com resquícios do conhecimento das gerações passadas, os cachos dourados dos arrozais voltam a tomar, embora timidamente, parte do cenário da região do Pontal do Triângulo, que já chegou a ser conhecida como a “capital do arroz”.

Na propriedade do casal Sônia Fernandes e Donizetti de Matos, foram plantados 2,5 hectares de arroz, em 2021. O resultado da experiência foi positivo, com quase duas toneladas colhidas em março de 2022. “Decidimos fazer um teste, e agora sabemos que foi uma boa ideia. Pretendemos expandir a produção e não vai faltar quem compre. Eu acho que o lucro vai ser muito bom”, avalia a produtora rural.

O marido de Sônia foi quem teve a iniciativa de transformar uma área de pastagem em lavoura de arroz, resgatando uma tradição da época em que seu pai tocava a propriedade: “Naquela época, se plantava muito arroz por aqui e ele tinha até máquina para limpar os grãos. Mas foi todo mundo abandonando e aí eu parei também”, lembra Donizetti.

A produção na fazenda do casal já atrai o interesse dos vizinhos da área rural de Campina Verde. “Eles já querem comprar arroz meu para plantar também”, afirma Donizetti de Matos. Ele enumera algumas vantagens dessa retomada: “Se cada um plantar uma moitinha, o preço no mercado vai abaixar. E também é bom comer um arroz que a gente conhece a origem.”

Para a safra de 2022, eles pretendem aumentar a área plantada para pelo menos quatro hectares. Atualmente, o carro-chefe da propriedade é a produção de leite, mas estão diversificando com o plantio de hortaliças, estimulados pela oportunidade de ter um mercado garantido com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “A Emater está sendo muito importante para melhorar nossa produção e as vendas. Os técnicos nos auxiliam muito, com as orientações e os diversos cursos”, afirma Sônia Fernandes.

Tradição

Mas ainda falta muito para a cultura retomar a importância que tinha até o final da década de 1970, quando a região do Pontal do Triângulo ficou conhecida como “a capital do arroz”. Naquela época, a produção em Campina Verde chegou a 20 mil toneladas do cereal. Em 2020, a colheita ficou em pouco mais de 12 toneladas. (EmaterMG).

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