Na noite desta quarta-feira, dia 13 de novembro, a Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi palco de uma série de explosões causadas por Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos. O homem, natural de Santa Catarina e ex-candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL) em Rio do Sul (SC), utilizava o apelido “Tiü França” e possuía um histórico de publicações radicais nas redes sociais, incluindo ataques a figuras políticas e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma de suas últimas postagens, Francisco declarou que iria realizar um ataque no STF, mostrando-se dentro do prédio e referindo-se a si mesmo como uma “raposa no galinheiro”. Ele foi encontrado morto após detonar explosivos nas proximidades da estátua da Justiça, em frente ao STF.
As explosões ocorreram por volta das 19h30, sendo ouvidas em vários pontos da Esplanada dos Ministérios. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foram imediatamente acionados e isolaram a área. Em resposta ao incidente, o STF emitiu uma nota confirmando que o prédio foi evacuado por segurança, e todos os ministros, servidores e colaboradores foram removidos com sucesso. Segundo o delegado da 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, Bruno Dias, o caso ainda requer uma análise cautelosa devido ao risco de novos explosivos estarem presentes na região.
Testemunhas relataram que Francisco lançou duas bombas em direção à estátua da Justiça. Após o segundo lançamento, foi atingido por um dos artefatos, que teria causado sua morte instantânea. Além do corpo, que estava envolto em material explosivo, foram encontrados um timer, um detonador e outros explosivos. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram fumaça e sons de explosões entre o STF e a Câmara dos Deputados, região usualmente movimentada e que foi rapidamente interditada para varreduras detalhadas conduzidas pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope).
A Polícia Federal (PF) também foi mobilizada e informou que, devido à gravidade dos fatos e à possibilidade de um novo ataque, o caso será encaminhado ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, que já lida com as investigações dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Em nota, a PF confirmou o acionamento de equipes especializadas, incluindo o Comando de Operações Táticas (COT) e o Grupo Antibombas, que estão realizando a desativação dos artefatos encontrados na praça. Até a manhã desta quinta-feira, dia 14, as operações de desmonte dos explosivos continuavam, e a Esplanada dos Ministérios permaneceu fechada, com restrições no acesso de veículos e pedestres.
A Polícia Civil do Distrito Federal também já está investigando o caso e realizou buscas na residência de Francisco, localizada em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal. A operação contou com o uso de robôs antibombas, dada a suspeita de que o local contivesse outros explosivos. Além disso, uma verificação foi feita em um veículo registrado no nome de Francisco, que explodiu no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados, pouco antes do incidente na Praça dos Três Poderes.
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, coordenou as medidas de segurança em resposta ao atentado. Com o governador Ibaneis Rocha em Roma, Celina confirmou o fechamento da Praça dos Três Poderes até a completa garantia de segurança no local e afirmou que a polícia está trabalhando com uma série de hipóteses, entre elas a de um atentado com motivação política.
Horas antes do ataque, Francisco fez várias publicações nas redes sociais em tom ameaçador. Em uma delas, às 23h22 de um dia anterior, escreveu: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro; ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo”, incluindo um versículo bíblico sobre a soberba anteceder a queda. Outra publicação sugeria que o atentado começaria nesta quarta-feira, com previsão de término no dia 16 de novembro, em uma espécie de “jogo” onde figuras como William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso eram mencionadas como “alvos”. Essas postagens reforçam o perfil conspiracionista de Francisco, que compartilhava teorias anticomunistas e associadas ao movimento QAnon, amplamente propagado em setores da extrema-direita.
O ataque também interrompeu sessões no Congresso. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, suspendeu a discussão de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) sobre imunidade tributária para igrejas, e pediu que os parlamentares permanecessem no plenário até que a segurança fosse garantida. No Senado, a sessão foi mantida até as 21h, apesar do ocorrido. No Palácio da Alvorada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi atualizado em tempo real sobre as ações de segurança e investigação pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, que se reuniu com os ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin para debater as medidas a serem tomadas.
O Advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias, emitiu uma nota repudiando o ataque e expressando solidariedade ao STF e à Câmara dos Deputados. Messias reforçou que a PF investigará o caso com rigor para esclarecer a motivação e restaurar a paz no local.
Os primeiros relatos apontam para a hipótese de suicídio ou erro de cálculo no lançamento do segundo explosivo. A área continua sob monitoramento e a varredura segue em busca de indícios que possam identificar outros possíveis envolvidos. As investigações sobre o caso serão conduzidas de forma intensa pela Polícia Federal e pela Polícia Civil, com a coleta de vestígios sendo realizada de forma criteriosa para apurar as circunstâncias e intenções por trás dos ataques.
Veja o vídeo do momento do atentado e os prints do WhatsApp do acusado:
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