O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Civil confirmaram, em coletiva realizada nesta terça-feira, 20 de maio, que o assassinato da adolescente Melissa Campos, de 14 anos, ocorrido dentro de uma escola estadual em Uberaba, foi motivado por sentimentos de inveja e ciúmes. Segundo os investigadores, a vítima chegou a receber um bilhete com ameaças momentos antes de ser atacada com uma faca pelo colega de sala, também de 14 anos.
De acordo com o promotor André Tuma Delbim Ferreira, que acompanha o caso, não há indícios da participação de outras pessoas além do autor do ataque e de um segundo adolescente, da mesma idade, que teria contribuído com o planejamento do crime e auxiliado na tentativa de fuga. Ambos estão apreendidos provisoriamente em centros de internação para adolescentes em conflito com a lei.
A violência do ataque e sua premeditação chamaram atenção das autoridades. A cena foi descrita como impactante: Melissa leu o bilhete que, segundo o MP, continha o que seria uma “sentença de morte” e, em seguida, foi surpreendida pelos golpes de faca. Inicialmente, o autor havia mencionado o estrangulamento como método, mas acabou optando pela faca, levada de casa.
Segundo o promotor, o adolescente apresentava sinais de problemas emocionais e anotava reflexões pessoais em seus cadernos, mas sem configurar a elaboração de um massacre em larga escala ou lista de vítimas. Ele afirmou que a escolha pela vítima aconteceu naquele dia, de forma específica, ainda que houvesse outras possibilidades consideradas.
As investigações descartaram motivações como bullying ou inimizade anterior entre os envolvidos. A escola também foi isentada de qualquer responsabilidade pela tragédia. O caso segue em fase de instrução e a Justiça deverá decidir nos próximos 30 a 45 dias se os envolvidos receberão a medida socioeducativa de internação, a mais severa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com prazo máximo de três anos.
Relembre o caso Melissa Campos
No dia 8 de maio deste ano, Melissa Campos, de 14 anos, foi brutalmente esfaqueada dentro da sala de aula durante o intervalo das atividades no Colégio Livre Aprender, em Uberaba. O ataque, inesperado e violento, foi cometido por um colega de turma, também de 14 anos. A jovem chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.
O autor foi apreendido ainda no local. Dias depois, outro estudante da mesma idade foi identificado como coautor por ter ajudado a planejar a ação e facilitar a fuga. O crime causou profunda comoção na cidade e mobilizou uma série de ações de apoio psicológico a estudantes e profissionais da escola. A sentença definitiva deve ser conhecida até o fim de junho.
