O ministro da Economia Paulo Guedes criticou nesta 6ª feira (18/11) o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por suas declarações sobre o teto de gastos e a PEC fura-teto, medida apresentada pelo governo de transição com o objetivo de manter o Auxílio Brasil de R$ 600 e corrigir aspectos nas áreas de educação, saúde, cultura e meio ambiente.
“Já ganhou, cala a boca, vai trabalhar, construir um negócio legal. O desafio é grande, mas a oportunidade é maior”, disse Guedes em sua 1ª fala pública desde o 2º turno das eleições.
A declaração foi dada durante o evento que celebra os 30 anos da Secretaria de Política Econômica, órgão que faz parte do Ministério da Economia.
Guedes disse que, se Lula fizer “menos barulho” e trabalhar mais “com a cabeça”, a gestão do petista pode formar um bom governo. “Só depende de não mentir”, afirmou.
A fala do ministro é em referência às declarações do presidente eleito durante a COP27 (27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas), evento que busca discutir medidas para evitar o aumento da temperatura global.
Na conferência, Lula defendeu furar o teto de gastos para o financiamento de programas sociais de combate à fome e à pobreza. Segundo o petista, se os problemas sociais não forem resolvidos, “não vale a pena” recuperar o país. “Não adianta só pensar em responsabilidade fiscal, temos de pensar em responsabilidade social”, acrescentou Lula durante sua participação na 5ª feira (17.nov.2022).
Guedes exaltou os feitos do governo Bolsonaro no que diz respeito aos programas sociais. “Fizemos o maior programa de transferência de renda e assistência social do mundo e da história do país”, destacou Guedes, que disse ainda que a atual gestão descobriu “40 milhões de pessoas que estavam passando fome”.
Apesar de o governo federal ter aumentado o valor do Auxílio Brasil para R$ 600 na reta final da disputa eleitoral, o Brasil registrou um aumento de 63% nos índices de fome desde 2004, chegando a 33 milhões de pessoas sem ter o que comer.
PEC FURA-TETO.
O governo Lula trabalha para aprovar no Congresso Nacional a PEC fura-tetopara acomodar no orçamento de 2023 o pagamento de R$600 do Auxílio Brasil. A ideia do governo é tirar de forma permanente o benefício da regra que limita os gastos públicos. A revogação da política fiscal foi defendida pelo petista durante a campanha.
A proposta deve elevar a dívida pública para 92,9% do PIB (Produto Interno Bruto) até o final do mandato, em 2026. Em um cenário em que a Selic, a taxa básica de juros, se mantém em 13,75%, a dívida pode chegar a até 108,4% do PIB daqui a 4 anos.
