Pobreza e trabalho precário aumentam em até 3x o risco de doenças mentais, alerta relatório da ONU

Estudo revela que a falta de segurança financeira e jornadas exaustivas são fatores chave para o aumento de transtornos mentais entre os mais pobres, principalmente ansiedade e depressão

Foto: Agência Brasil / Divulgação.

De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas intitulado “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental”, pessoas em situação de pobreza têm três vezes mais chances de desenvolver transtornos mentais como ansiedade e depressão. Estima-se que 11% da população mundial sofra com algum tipo de transtorno mental, afetando mais de 970 milhões de pessoas. O relatório aponta que a obsessão pelo crescimento econômico e a busca incessante pela riqueza contribuem para jornadas de trabalho exaustivas e condições precárias de emprego, impactando negativamente a saúde mental dos trabalhadores.

Olivier De Schutter, relator especial da ONU e autor do estudo, destaca que quanto mais desigual é a sociedade, mais indivíduos da classe média temem a queda para a pobreza, o que resulta em altos níveis de estresse, ansiedade e depressão. Ele também aponta que os trabalhadores de plataformas digitais e aplicativos são particularmente vulneráveis, uma vez que enfrentam jornadas de trabalho irregulares e sem descanso adequado, o que dificulta o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Outro fator significativo é a ansiedade climática, provocada por desastres naturais como secas e inundações, que afetam a fonte de renda das populações e geram insegurança financeira. O estudo sugere que os governos adotem medidas para reduzir as desigualdades, como a implementação de políticas de renda básica universal e o apoio à economia social e solidária.

Para a psicóloga Denise Milk, a pressão constante gerada pela insegurança financeira pode levar ao esgotamento físico e emocional. Ela ressalta que cuidar da saúde mental no ambiente de trabalho é crucial para evitar problemas mais graves. “É essencial ajudar as pessoas a entenderem o que realmente importa para elas, além de estarem sempre produzindo”, afirma Milk. Ela acredita que uma sociedade que valoriza o ser humano além da produção pode ser um caminho para combater essa “epidemia” de ansiedade e depressão, especialmente entre os mais pobres.

Com perdas econômicas superiores a US$ 1 trilhão anuais, o relatório da ONU alerta que as consequências do aumento dos problemas de saúde mental não afetam apenas os indivíduos, mas também a sociedade como um todo. O estudo conclui que é dever de todos buscar soluções que garantam a dignidade, segurança financeira e saúde mental para todos, especialmente para os mais vulneráveis.

As informações são da Agência Brasil.

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