Um novo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta terça-feira, 10 de setembro, revela uma discrepância significativa entre os salários dos professores do ensino fundamental II no Brasil e aqueles de países desenvolvidos. De acordo com o relatório “Education at a Glance 2024”, a remuneração anual média para esses profissionais no Brasil é de aproximadamente US$ 23.018, o que equivale a cerca de R$ 128 mil. Esse valor representa uma diferença substancial de 47% a menos em comparação com os US$ 43.058 (em torno de R$ 237 mil) pagos em média pelos países da OCDE.
Na comparação regional, o cenário também é desafiador para o Brasil. Professores no Chile recebem um salário inicial de US$ 29.453,39 por ano, enquanto no México, a remuneração anual é de US$ 33.062,45. Já em países com economias mais robustas, como Alemanha e Estados Unidos, os salários são significativamente mais altos, com valores anuais de US$ 85.731,98 e US$ 48.899,27, respectivamente.
O estudo utiliza a escala de paridade do poder de compra para ajustar os salários ao custo de vida de cada país, incluindo bonificações e o décimo terceiro salário. Segundo especialistas, uma remuneração mais alta é uma estratégia eficaz para atrair e reter profissionais qualificados na educação, o que, por sua vez, melhora as perspectivas de aprendizagem e sucesso dos alunos, especialmente aqueles em situações mais vulneráveis.
O relatório também destaca que, apesar de os professores brasileiros receberem menos do que seus pares internacionais, eles enfrentam uma carga horária maior. No Brasil, a carga de ensino é de 800 horas anuais, enquanto na OCDE a média é de 706 horas. Além disso, a proporção aluno-professor nas salas de aula é mais desfavorável no Brasil, com 23 alunos por professor no ensino fundamental I e 22 no ensino fundamental II e ensino médio, em contraste com a média de 14 alunos por professor no ensino fundamental I e 13 no ensino fundamental II e médio nos países da OCDE.
A OCDE observa que menores taxas de alunos por professor permitem uma maior atenção às necessidades individuais dos alunos, mas também implicam custos mais altos com salários e exigem uma gestão cuidadosa dos recursos. A escolha entre operar muitas escolas pequenas ou menos escolas grandes é uma consideração importante, especialmente em áreas rurais.
O estudo também aborda a governança das escolas, observando que, na maioria dos países, é obrigatório incluir representantes dos pais no conselho administrativo das escolas públicas. No Brasil, essa prática é mandatória tanto para pais quanto para alunos, refletindo um engajamento significativo da comunidade escolar na administração.
Em relação à demografia do corpo docente, a OCDE registra um envelhecimento gradual dos professores entre 2013 e 2022, com 36% deles com 50 anos ou mais, comparado a 35% em 2013. No Brasil, no entanto, a faixa etária é mais jovem, com 25% dos professores acima dos 50 anos, uma melhoria em relação aos 19% registrados em 2013.
Esses dados ressaltam a necessidade de reformas e investimentos na educação brasileira, tanto em termos de remuneração quanto na estrutura do sistema de ensino, para alinhar-se mais estreitamente com as práticas e padrões internacionais.