O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), anunciou uma importante iniciativa voltada à saúde da população adulta mineira: o lançamento da Linha de Cuidado à Pessoa Adulta com Sobrepeso e Obesidade. A proposta é qualificar o atendimento a esses usuários na Atenção Primária à Saúde (APS) em todos os municípios do estado. O anúncio foi feita na última segunda-feira, 07 de abril, dia em
A estratégia pretende organizar e fortalecer a assistência a pessoas com sobrepeso e obesidade, desde a promoção da saúde até o tratamento especializado. A nova linha de cuidado vai oferecer ações de orientação, prevenção, vigilância alimentar e nutricional, além de acompanhamento clínico por equipes multidisciplinares. Em casos específicos, também será possível o encaminhamento para cirurgia bariátrica.
Segundo Nathália Ribeiro, referência técnica da Coordenação de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável e Atividade Física da SES-MG, um seminário será realizado em junho para oficializar o lançamento da Linha de Cuidado. Na ocasião, terá início a capacitação de profissionais de saúde e gestores municipais.
“Em junho deste ano faremos um seminário para oficializar o lançamento da Linha de Cuidado e vamos iniciar a qualificação dos profissionais de saúde de todos os níveis de atenção e dos gestores municipais de saúde, o que consideramos um passo primordial para que o projeto dê certo”, destacou Nathália.
Ela também chama atenção para a importância da abordagem adequada da obesidade desde a porta de entrada do sistema de saúde:
“A qualificação é necessária porque, muitas vezes, o usuário chega para ser atendido na Unidade Básica de Saúde (UBS) e apenas as doenças associadas, como diabetes e hipertensão, são tratadas, enquanto a obesidade não é tratada ou é negligenciada”, explicou.
Obesidade é doença crônica e demanda atenção integral
Reconhecida como uma doença crônica, a obesidade afeta todas as faixas etárias e está diretamente relacionada a uma série de outras condições de saúde, como problemas cardiovasculares, articulares, diabetes, hipertensão, doenças hepáticas e renais, além de alguns tipos de câncer. Também pode agravar quadros de infecções respiratórias como a covid-19.
Além de impactar na qualidade de vida e dificultar atividades cotidianas, o excesso de peso reduz a expectativa de vida e aumenta a pressão sobre os serviços de saúde pública.
De acordo com Nathália Ribeiro, as equipes da Atenção Primária vão identificar os pacientes com obesidade por meio de avaliação antropométrica, utilizando o Índice de Massa Corporal (IMC). A partir dessa triagem, serão feitos os encaminhamentos necessários conforme o protocolo da Linha de Cuidado, que prevê desde o atendimento ambulatorial até a hospitalização, quando indicado.
“Será feita a avaliação antropométrica para identificação do usuário com obesidade, com base no cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), e o encaminhamento será feito segundo os critérios definidos na Linha de Cuidado, seja para o atendimento especializado, ambulatorial ou hospitalar”, explicou.
Acompanhamento contínuo e com equipe multiprofissional
O novo modelo prevê um cuidado integral e contínuo, envolvendo uma equipe multiprofissional. A ideia é que o paciente seja acompanhado ao longo do tempo, com ações personalizadas, que considerem tanto sua individualidade quanto o contexto familiar e social. Estão previstas orientações sobre alimentação saudável, incentivo à atividade física, vigilância alimentar e prevenção de novas complicações.
“No tratamento da obesidade, é essencial esse cuidado longitudinal e multiprofissional, porque esse não é um processo curto. O usuário vai continuar aquele cuidado em saúde por um longo período, abrangendo várias fases e envolvendo diversos profissionais”, reforça Nathália Ribeiro.
A abordagem também busca combater o estigma relacionado ao excesso de peso e promover o acolhimento sem julgamentos.
“Vamos trabalhar a não culpabilização do indivíduo e a quebra dos estigmas ligados ao excesso de peso. Serão utilizadas tecnologias capazes de antecipar as necessidades dessa população, como o Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC), para organizar a rede de cuidado das pessoas com sobrepeso e obesidade”, afirma.
Dados preocupantes em Minas
Os números reforçam a urgência de políticas públicas nessa área. Entre 2010 e 2023, a obesidade cresceu 72% em Minas Gerais. Já o excesso de peso teve aumento de 40%, conforme dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).
Em 2024, segundo o mesmo sistema, 66,05% dos adultos mineiros estavam com excesso de peso, e 32,23% apresentavam obesidade — dados que evidenciam o desafio crescente no enfrentamento desse problema de saúde pública.