Para conhecer ainda mais a prevalência de anticorpos da população para o coronavírus no estado, o Governo de Minas adquiriu 20 mil testes para uso em uma validação de campo dos protótipos desenvolvidos por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas).

Os testes sorológicos serão usados para detecção de anticorpos para o vírus, contribuindo para a realização de inquéritos sorológicos em grupos específicos de instituições de longa permanência (ILPI), unidades prisionais e sistema socioeducativo.

O kit sorológico IgG para a covid-19 foi desenvolvido por pesquisadores da UFMG e Fiocruz Minas, por meio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas (INCT Vacinas).  O teste, feito com material 100% nacional, é baseado no método Elisa – sigla, em inglês, para ensaio de imunoabsorção enzimática – que se destaca por ser mais sensível do que os exames rápidos, o que evita falsos negativos.

Duradouros

A proposta dos pesquisadores é oferecer um sistema de diagnóstico que detecta a presença de uma classe específica de anticorpos, os IgC, que são mais duradouros em resposta a qualquer infecção ou corpo estranho que entre no organismo.

O investimento inicial do Estado para o desenvolvimento do teste, na fase de pesquisa, foi de R$ 164 mil, sendo esse valor repassado ao CT Vacinas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), com contrapartida da Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES-MG) no valor de R$ 20 mil reais.

De acordo com a coordenadora estadual de Laboratórios e Pesquisa em Vigilância da SES-MG, Jaqueline Silva de Oliveira, a principal diferença desses materiais para os testes rápidos usados hoje pelo Estado é que a análise é feita em laboratório, o que garante mais precisão e qualidade para os resultados.

“É um teste que deve ser feito após 14 dias do início dos sintomas, já que o objetivo é saber se a pessoa desenvolveu ou não anticorpos para a doença. A coleta de sangue é enviada para laboratório, sendo analisada por equipamentos tecnológicos, o que garante diagnósticos mais precisos”, afirma.

Outra vantagem dos exames é o preço. Para a produção dos 20 mil kits dos protótipos que serão usados pelo Estado, o repasse foi de R$ 250 mil, o que resulta em um valor por teste de R$ 12,50. Jaqueline lembra que Minas Gerais recebeu do Ministério da Saúde os testes rápidos usados atualmente no Sistema Único de Saúde (SUS). “Esses testes rápidos são importados e estavam inflacionados no mercado. O Estado tentou comprá-los, mas no início da pandemia, o preço de cada teste chegava até R$ 200”, afirma.

Distribuição

Com produção local, consequentemente mais barata, a expectativa é de que os testes contribuam para as políticas públicas referentes ao controle do vírus. A princípio, 20 mil testes serão distribuídos para os laboratórios das macrorregionais. Eles serão usados em grupos prioritários de instituições de longa permanência (ILPI), unidades prisionais e sistema socioeducativo.

“Os testes sorológicos são importantes para ajudar a entender a prevalência de anticorpos para novo coronavírus na população. Os resultados ajudam o poder público nas tomadas de decisão para o enfrentamento da pandemia”, enfatiza a coordenadora da SES-MG.

Financiamentos

A Fapemig lançou, em março, chamada para financiamento de pesquisas relacionadas à covid-19, pelo programa emergencial de apoio a ações de enfrentamento da pandemia causada pelo novo coronavírus. O objetivo é estimular a cooperação entre pesquisadores e órgãos, apoiar ações voltadas ao enfrentamento e à mitigação dos danos causados pela pandemia. Foram selecionados 19 projetos para receberem, juntos, investimento total de R$ 1,98 milhão.

Além disso, projetos já em desenvolvimento receberam aporte adicional de recursos para incluir estudos sobre a covid-19. Dentre eles, destaca-se o aporte para o INCT Vacinas, no valor total de R$364.600,00, o que inclui os testes sorológicos; e para o INCT Dengue, no total R$229.320,00. Em julho deste ano, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) garantiu mais R$ 2 milhões à Fapemig para aplicação em sete projetos nesse tema.

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