A reunião do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, ocorrida nesta quarta-feira (05/06), foi palco de intensas disputas entre parlamentares governistas e da oposição, resultando em momentos de grande tumulto no plenário do colegiado.
Os ânimos exaltados dos deputados tornaram-se evidentes durante a análise do processo contra o deputado André Janones (Avante-MG), acusado de envolvimento em práticas de “rachadinha”, caracterizadas pelo desvio de salário de funcionários de seu gabinete.
O processo contra Janones acabou sendo arquivado pelo colegiado, desencadeando uma série de confrontos. Ao término da sessão, o deputado envolveu-se em uma acalorada discussão, chegando a trocar empurrões com seus colegas. Membros da oposição dirigiram-se a Janones, proferindo-lhe acusações como “rachador” e “covarde”.
Após um breve momento de silêncio, Janones reagiu, confrontando diretamente Nikolas Ferreira (PL-MG) e Zé Trovão (PL-SC), resultando em trocas de empurrões e insultos mútuos. A situação agravou-se quando Janones e Nikolas desafiaram-se a um confronto físico fora das dependências da Câmara, o que exigiu a intervenção da Polícia Legislativa para conter os ânimos exaltados. André Janones precisou ser escoltado para deixar o plenário do colegiado.
Entretanto, os conflitos envolvendo Janones não foram os únicos ocorridos durante a reunião do Conselho de Ética. O primeiro embate teve início com acusações entre parlamentares e assessores de deputados que estavam presentes na sessão. A deputada Jack Rocha (PT-ES) defendeu o arquivamento do caso contra Janones, assim como aconteceu com processos relativos a outros deputados. Contudo, a menção a um caso arquivado envolvendo o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) elevou ainda mais a tensão no ambiente.
Em meio a gritos e pedidos de esvaziamento do plenário do Conselho de Ética, os deputados Delegado Caveira (PL-PA) e Juliana Cardoso (PT-SP) se envolveram em um confronto verbal. Em um tom acalorado, o deputado repetia à Juliana que ela era “comunista”, enquanto esta o rebatia, chamando-o de “machista”.
Diante da intensificação da discussão, o presidente do órgão, deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA), decidiu esvaziar o plenário, determinando que assessores, visitantes e jornalistas deixassem o local.
Após o esvaziamento do plenário, os confrontos ainda prosseguiram. Desta vez, os envolvidos foram Guilherme Boulos e Pablo Marçal, pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL e PRTB, respectivamente. Boulos desafiou Marçal a manter sua candidatura e enfrentá-lo na disputa municipal.
Assista o vídeo da confusão calorosa a seguir:
Arquivamento do processo no Conselho de Ética que poderia cassar André Janones por “rachadinha”
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou, nesta quarta-feira (5), por 12 votos a 5, um processo contra o deputado federal André Janones (Avante-MG) por suposta quebra de decoro parlamentar. Janones é acusado de prática de “rachadinha” em seu gabinete, embora negue as acusações. Desde 2021, o caso está sendo investigado pela Polícia Federal (PF), e também tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo as investigações, em 2019, assessores e ex-assessores do deputado foram obrigados a devolver parte de seus salários a Janones. Há três semanas, o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), relator da ação contra Janones, apresentou um parecer que reforçou a posição pelo arquivamento na reunião desta quarta-feira. Segundo Boulos, “não há justa causa” para o prosseguimento do processo.
Em seu voto, o relator argumentou que as supostas denúncias começaram antes do mandato de Janones na Câmara, que teve início em 2023. “Em suma, a tese defendida é: não há justa causa, pois não havia decoro parlamentar, uma vez que não havia mandato à época – o que está fora do escopo do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar”, escreveu Boulos.
André Janones compareceu à reunião do Conselho de Ética desta quarta-feira. Em sua fala, ele endossou o relatório de Boulos, questionando: “Um deputado pode ser julgado por um ato anterior ao mandato? É isso que está sendo discutido aqui”.
